meu dia, o dia todo, todo dia

Por que eu chorei quando descobri que não poderia ir à primeira homenagem de dia das mães na escola do Rafa?

Talvez porque eu tenha vontade de me sentir parte da única esfera da vida dele em que eu fico mais alheia, a escola. Lá ele tem mais autonomia e passa mais tempo sem mim. É ali que ele cultiva grande parte da sua individualidade e processa suas referências. Talvez seja por isso.

Ou talvez seja porque nesse dia, nós mães, temos a certeza de que aquela dança, aquelas palmas, caras e bocas foram ensaiadas pra gente. Porque nos outros dias, mãe faz tudo pelo filho sem se gabar pelo posto. Sente orgulho do filho e não de si. Não espera agradecimento, porque sabe que ele vem em forma de sorriso, de abraço, de segundo prato de comida, de noite bem dormida.

Então, encontrei  na minha maternidade as homenagens diárias que meu filho me presta, desde que o descobri dentro de mim. O primeiro sorriso foi ainda dentro da barriga, agradecendo a hospedagem. Todas as vezes em que o olhar dele me busca como um barco à deriva busca pelo farol. Os bracinhos que tentam me alcançar.  Os dedinhos carinhosos me fazem ter certeza de que minhas orelhas são umas das mais queridas deste mundo.

A calça que não serve mais, a pança estufada depois de comer, os pezinhos que correm desajeitados sem perder a graça. Do sofá, já consigo ver os cachinhos passando do outro lado da mesa… ele cresceu. Está crescendo e eu faço parte disso. É grandioso, é um espetáculo.

A minha maior homenagem é a vida do meu filho. Ser mãe é uma tarefa contemplativa, é prática e, acima de todas as coisas, é aprender que seu amor não tem fronteiras, nem rédeas. A maternidade é, por natureza, empírica. Não há quem a defina com fidelidade sem experimentá-la. É talvez a única condição que não seja desafiada pela expressão “motivo de força maior”.

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